Perda auditiva dos idosos pode causar
depressão, se não for tratada
Elisa Clavery
Idosos que se isolam do convívio
social e apresentam sinais de depressão podem estar com um problema físico
muito comum na terceira idade: a perda auditiva. Segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS), um terço das pessoas acima de 65 anos têm dificuldades para
ouvir e o número aumenta quando eles atingem os 75: quase metade dos idosos
nesta faixa etária têm o problema. Sem diagnóstico, a privação auditiva pode
agravar a saúde física e emocional.
— O fato de o idoso não conseguir
ouvir bem faz com que se isole para não passar por situações constrangedoras.
Ele não quer mais ir ao aniversário do vizinho, porque as pessoas perdem a
paciência com ele, nem à padaria, porque o atendente fala muito para dentro. A
pessoa sente uma incapacidade que pode levar à depressão — explica a
fonoaudióloga Andréa Abrahão, diretora técnica da rede de reabilitação auditiva
Direito de Ouvir: — Para a maioria dos idosos, é recomendado o uso do aparelho
auditivo. São vários tipos para vários tipos de perda auditiva.
A audição de pessoas idosas pode
ser prejudicada por dois fatores — a degeneração das células do ouvido ou por
confusão mental, quando o idoso escuta e não consegue entender. De acordo com a
geriatra Márcia Umbelino, contudo, para este segundo caso, o aparelho auditivo não
funciona.
— Eles botam o aparelho e passam
a escutar um zumbido, já que há uma amplificação da audição. Como o problema
não é propriamente auditivo, isso aumenta a desorientação — diz a geriatra: —
Muitos dos meus pacientes param de usar o aparelho, que gera um gasto e não
funciona. Outros escondem o aparelho para não usar mais.
Apoio e paciência dos familiares
O apoio de amigos e familiares é
muito importante, já que motiva a procura por ajuda médica — e, quanto antes o
tratamento começa, melhor.
— Graças ao avanço da medicina e
da tecnologia, hoje é possível uma pessoa com mais de 60 anos ter uma qualidade
de vida excelente. Basta consultar um especialista e estar disposta a receber o
tratamento mais adequado — diz Andréa.
Já a geriatra Márcia afirma que,
mais importante que a tecnologia, é a informação. Além de ficarem atentos aos
sinais da perda auditiva dos parentes idosos, os familiares devem ter paciência
e entender o problema:
— A família precisa saber que não
adianta gritar. Quanto mais grita, mas eles não ouvem e ainda se sentem piores.
O ideal é falar mais devagar, de uma maneira mais fácil de ser compreendida por
leitura labial, principalmente quando o problema auditivo é causado por
confusão mental — sugere a geriatra.
Consequências
Perfil — Pesquisa da Universidade
Johns Hopkins, dos Estados Unidos, mostrou que, entre os idosos com perda
auditiva não tratada, 32% foram hospitalizados, 36% tinham maior chance de
sofrer danos e 57% estavam mais suscetíveis à depressão.
Diagnóstico — Quanto antes for
diagnosticada a deficiência auditiva, menores serão as consequências do
problema.
Exame — Pessoas acima de 60 anos
devem fazer anualmente o exame de audiometria.