terça-feira, 29 de outubro de 2013


Aos 10 anos, Estatuto do Idoso ainda engatinha na luta por mais respeito

Publicado por Fernando Nascimento em 30, set , 2013


Quando o Estatuto do Idoso foi aprovado, em outubro de 2003, o discurso dominante elogiava a recuperação de um longo tempo perdido. O país poderia começar a construir sua política pública voltada à terceira idade – uma ação que se tornara urgente à medida que a pirâmide etária brasileira começava a mudar de forma. Dez anos depois, o envelhecimento da população passou de prognóstico a fato, enquanto o estatuto conseguiu impulsionar avanços sociais. Persiste, entretanto, um padrão cultural que tende a relegar o cidadão idoso ao segundo plano. É com esse desafio que o Estatuto do Idoso inaugura sua segunda década em vigor. O caminho a ser percorrido é o mesmo do coirmão Estatuto da Criança e do Adolescente, que desde a implantação, em 1990, deixou de ser apenas um ordenamento jurídico para se firmar como uma carta de princípios sobre a infância. O processo passou pela implementação, via lei, de uma série de garantias que remetem a princípios maiores. Exemplo: a oferta de ensino público gratuito e universal como etapa para garantir o direito fundamental à educação.

 Longo caminho 

O Estatuto do Idoso demonstra estar na metade desse caminho. Das filas exclusivas em supermercados à gratuidade em passagens de ônibus interestaduais, são várias as conquistas pontuais a serem lembradas. Entretanto, segundo analistas da área, não são suficientes para garantir a dignidade plena da população mais velha. ”Ainda persiste o desprezo da população jovem pelos mais velhos. Os valores sociais não podem ser formados apenas por consumo, beleza e dinheiro. É uma cultura que nunca mudou, infelizmente”, ressalta Rosana Bevervanço, procuradora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos do Idoso do Ministério Público do Paraná. O órgão foi uma das entidades convidadas a debater a formulação do estatuto, desde o ingresso do projeto de lei no Congresso, em 1997, pelo então deputado Paulo Paim (PT-RS), até a entrada em vigor em 2003. “Percebemos, desde então, a mobilização da sociedade por meio de conselhos e fóruns para o tema. O idoso está mais ciente de seus próprios direitos e exigindo seu espaço dentro da família. Estão aprendendo a deixar de tolerar abusos e ter coragem para denunciar”, afirma Rosana.
A Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos (Cobap) é outra entidade com papel marcante na articulação do estatuto. Um de seus diretores, Gilson Matos, de 78 anos, recorre à história pessoal para ilustrar as mudanças ocorridas na última década. “Várias vezes fiquei no ponto enquanto o ônibus passou direto”, lembra. “A dignidade sempre pareceu atrelada à capacidade produtiva da pessoa. O idoso, quando perde o poder de criar e transformar, perde também o respeito da sociedade”.

Atendimento
Hospital e delegacia revelam contrastes na política para idosos

Em Curitiba é possível citar duas ações com resultados bastante distintas, e que de certa formar ilustram os percalços que as políticas para a terceira idade enfrentam no país. Inaugurado em março de 2012, o Hospital do Idoso Zilda Arns é considerado a primeira instituição de saúde especialmente dedicada a essa faixa etária no país. Mantida por uma fundação da administração direta da prefeitura, realiza 12 mil consultas mensais, além de atendimentos eletivos e internações. “Não pretendemos atender todos os quase 200 mil idosos de Curitiba, mas sim servir de referência para que as instituições de saúde, de uma forma geral, aprendam a atender esse tipo de paciente”, destaca Gustavo Schulz, diretor da fundação gestora do hospital. O hospital, localizado no bairro Pinheirinho, é estudado por um observatório do Ministério da Saúde. Por ter um público heterogêneo, consegue fornecer informações sobre tempo de internamento e outras características. “Além de indicadores, a atenção do médico muda completamente a partir da experiência com idosos.” Extinta antes de funcionar No final de 2010, uma das últimas ações do governo Orlando Pessuti foi a implantação da Delegacia do Idoso de Curitiba. Funcionaria como um núcleo dentro do 3.° Distrito Policial, no bairro Mercês. O governo Richa chegou a anunciar a designação de servidores exclusivos, o que nunca chegou a ocorrer, e a delegacia foi extinta seis meses depois. A Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) diz que considera a delegacia especializada uma boa ideia, mas não tem efetivo para implantá-la.  


Pesquisa tenta entender a relação entre idosos e tecnologia 


Publicado por Fernando Nascimento em 28, out , 2013

 Por Bruna de Alencar para USP





À mesma proporção em que aumenta a média de
idade da população em todo o planeta, o mundo parece estar ficando cada vez mais tecnológico. Mas a relação entre idosos e eletrônicos nem sempre é das mais amistosas. Saber em que medida isso acontece – e o que influencia a aceitação destas ferramentas – é o primeiro passo para tentar aproximar os dois. Foi com esta premissa que a terapeuta ocupacional Taiuani Marquine Raymundo realizou sua pesquisa de mestrado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Em um estudo com 100 indivíduos com mais de 65 anos escolhidos ao acaso, ela analisou o nível de aceitação da tecnologia por parte dos entrevistados, e quais fatores poderiam fazer diferença para que um idoso encarasse os dispositivos modernos como aliados. Segundo Taiuani, o universo amostral do estudo, que incluía idosos da região de Ribeirão Preto e de Olímpia, foi estruturado a partir de um questionário socioeconômico, de uma metodologia já consagrada de avaliação das atividades da vida diária, de uma escala para avaliação da aceitação de tecnologias e de um questionário sobre os possíveis fatores que interferem no uso de aparelhos eletrônicos. Tais fatores foram levados em consideração para avaliar como e com que frequência este público está disposto a se relacionar com a tecnologia. Aqueles que possuem uma renda financeira maior, por exemplo, possuem mais facilidade de compreender as funcionalidades, o uso e a linguagem das novas tecnologias se comparados aos de renda inferior. Telas, botões e letras miúdas

O estudo mostrou que a população idosa, em sua maioria, aceita as novas tecnologias. Mas isso não é tudo. Se estes objetos podem ser reconhecidos como ferramentas de acessibilidade, ainda são encontradas barreiras na utilização – que muitas vezes derivam de características do próprio aparelho, como letras pequenas e idiomas estrangeiros. Para a pesquisadora, um dos maiores fatores que implica na rejeição da tecnologia é o fato de a interação não ter sido realizada mais precocemente. “As tecnologias surgiram na vida dos idosos de hoje quando estes já eram adultos ou até mesmo velhos, e isto influencia no enfrentamento das dificuldades do destes dispositivos em seu cotidiano”, explica Taiuani.

Quem tem medo da tecnologia? 

 Um fator que chamou a atenção no estudo é que os idosos, em sua maioria, demonstram medo ou receio em relação aos aparelhos tecnológicos. Do total dos entrevistados, 24% relataram ter medo de utilizar as novas tecnologias, e 40% relataram ter receio de danificar o aparelho.
Os que responderam ter medo afirmaram que o sentem principalmente quando usam a internet. Além disso, é comum o medo de vírus e redes sociais, de estragar e/ou quebrar o aparelho, de não saber utilizar, de errar e das consequências do suposto erro. Medo de errar a voltagem, de apagar documentos de outras pessoas que estão no computador, de não aprender a utilizar, de não memorizar as funções e de não conseguir utilizar o aparelho também foram mencionados. Alguns relataram ainda ter medo devido a más experiências com tecnologias.

Os resultados da pesquisa mostraram que, apesar das dificuldades encontradas, os membros do grupo avaliado relataram que superaram o medo após frequentarem cursos de inclusão digital. Muitos idosos têm curiosidade de conhecer os avanços tecnológicos e vontade de aprender. “Eles apresentam medo e resistência ao novo, mas também pude notar que se sentem motivados e interessados em aprender a se tornarem independentes em tarefas associadas à tecnologia”, comenta Taiuani. Inclusão

A terapeuta chama a atenção para a necessidade de mais iniciativas voltadas à inclusão digital que visem desmistificar os aparelhos tecnológicos para todos os interessados e não só para uma classe privilegiada. Ela cita um projeto desenvolvido na FMRP pelo curso de Terapia Ocupacional em conjunto com o curso de Informática Biomédica, e que tem o objetivo de instrumentalizar idosos para utilizarem tecnologias do cotidiano. Isto inclui desde celulares, controle remotos, câmeras digitais, computadores e aparelhos de cozinha até equipamentos de monitoramento das condições de saúde.

Para Taiuani, é preciso que pesquisadores e a população como um todo se conscientizem da importância de os idosos lidarem com as tecnologias e de se tornarem independentes em suas atividades com tais dispositivos, garantindo a estes sujeitos autoconfiança e uma melhor qualidade de vida.


No Brasil aposentado precisa continuar a trabalhar para pagar contas 






Publicado por Fernando Nascimento em 06, abr , 2012
Via O Tempo

 Dos 24 milhões de aposentados e pensionistas no Brasil, apenas 1% são independentes financeiramente. Outros 46% dependem de parentes, 28% estão na beira da miséria e 25% têm que continuar trabalhando, de acordo com levantamento do Instituto de Educação Financeira (Disop), baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um deles, com idade e tempo de contribuição, é Salim Augusto Costa, 76, que aposentou-se em 1987, mas precisou voltar para o mercado. “Me aposentei com nove salários mínimos. Hoje, ganho menos de quatro. Não dá para viver só com isso”, disse Costa, que gasta cerca de R$ 1.800 por mês só com medicamentos para hipertensão e diabetes. Sem pensar em parar, Salim trabalha oito horas por dia fazendo textos institucionais sobre a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas). “Tive sorte de descobrir um nicho de mercado”, disse o administrador de empresas. Maria de Assis, 52, aposentou-se em 2010, com quatro salários mínimos e também permaneceu ativa no laboratório que trabalhava. Foi demitida e começou a trabalhar, neste ano, numa clínica. Maria viu que não dava para ter a vida de antes sem um complemento na renda. “Quando você aposenta, vale-transporte, refeição, plano de saúde , tudo fica por nossa conta”, explica. Para ela, a vida só com aposentadoria vira uma “meia vida”.

Romildo de Freitas, 58, aposentou-se em 2009, quando tinha 35 anos de serviço. Contribuía para aposentar-se com o valor máximo, mas, para isso, teria que esperar até os 65 anos. “Mas o fator previdenciário pesou muito e aposentei-me com quatro salários mínimos”, disse Freitas, que nunca teve a intenção de parar de trabalhar. “Esperar até os 65 anos? E seu eu morro?”, pergunta Freitas.

Como gerente de logística, Freitas sustenta a casa e ajuda os filhos. “Tenho que continuar trabalhando. O benefício do INSS só dá para pagar o cartão de crédito e a faculdade de um dos filhos. O salário do meu emprego é o carro forte , sem ele, teria que fazer cortes”, contou Freitas, que ganha o equivalente a dez salários mínimos. O presidente do instituto Disop e educador financeiro Reinaldo Domingos, 50, diz que trabalha por prazer, mas aconselha os jovens a se prepararem desde o primeiro salário. “Na aposentadoria, o fator previdenciário vai diminuir em 40% o seu salário”, afirma.

Para evitar a queda brusca no valor recebido por mês, Domingos disse que é preciso fazer uma previdência complementar. “É qualquer tipo de investimento de característica de longo prazo como Tesouro Direto, previdência privada ou renda com aluguel de imóveis”, enumerou. Segundo Domingos, é preciso economizar, durante toda a vida, no mínimo, de 10% a 20% do salário líquido para a aposentadoria. “É indispensável a pessoa contribuir para a própria aposentadoria no futuro. Se ela não fizer nada, vai ter que trabalhar até o resto da sua vida. Não dá para brincar”, alerta.

 INSS é só para funcionalismo e políticos 
Gilson Elesbão, 69, tem reuniões o dia inteiro como superintendente da ACMinas, é diretor do Sindicato dos Administradores do Estado de Minas Gerais e dedica duas horas do dia à filantropia, além de ser vice-diretor da Fundação Logosófica de Belo Horizonte. Elesbão é um aposentado desde 1987. “É impossível viver só com aposentadoria do INSS. Isso é só para funcionário público, políticos e funcionários de empresas com plano de previdência”, afirmou. A aposentadoria de Elesbão, de cerca de nove salários mínimos, caiu para quatro salários. Elesbão ganha quase 20 salários mínimos e aplica todo mês o equivalente a dois salários. “O jovem tem que fazer o patrimônio físico. Investir em imóvel para ter renda mensal e viver com esse rendimento. Eu não tive essa orientação”, disse.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

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São João 2014

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Dia das Mães 2014

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